sexta-feira, 10 de julho de 2009
Autor desconhecido.
"às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não ter medo de dizer não. e mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se oiça o coração bater desordenadamente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade. às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, anular do que desejar. ficará sempre a dúvida se fizemos bem, somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor. às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada segundo, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão. às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. e partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar. até lá é melhor que os os olhares nunca mais se cruzem, é melhor que o adeus seja para sempre, a partir daqui todas as palavras serão inúteis. mas mesmo assim nunca saberei até que ponto agiste com o coração, ou se foi apenas com a cabeça. até que ponto te entregaste ou apenas jogaste. até que ponto sentiste e agiste, ou apenas observaste. e é por nunca ter sabido realmente quem és, que um dia te esquecerei. quem fica, fica a ver, a pensar, a lembrar até se conformar e um dia então esquecer e ao contrário de ti .. eu não sou uma mera espectadora da minha própria vida. "
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