Ora então antes de mais, quando dizem que eu tenho dois clubes, isso não é de todo mentira. Tenho mesmo, mas são dois amores diferentes.
O meu avô sempre foi tão religiosamente benfiquista que, enquanto era pequena, acabei a gostar do Benfica também, mesmo quando não sabia sequer o que era futebol. O Benfica é um amor longuinquo, é um clube que eu só posso ver na televisão, que só posso acompanhar pelas notícias, não é um amor que eu possa viver como vivo com o meu Vitória.
O Vitória é outra história. É um amor presente, é pelo Vitória que eu viajo durante horas, que passo frio no Inverno e que fico torrada do sol na Primavera. É pelo Vitória que eu fico sem voz de gritar nos jogos, que berro com o árbitro, que fico sem apetite sempre que saiu do estádio com um resultado menos bom.
No próximo ano faz dez anos que sou sócia do Vitória Sport Club e foram dez anos com muitas horas dedicadas a este clube, muitas deslocações, muito dinheiro investido em cotas e cadeiras anuais.
Não admito nunca, que me digam que não sou uma Vitoriana verdadeira, porque sou. Este fim de semana nasceram Vitorianos em todos os lados, pessoas que nunca se dão ao trabalho de ir ver os jogos contra o Rio Ave, contra o Estoril ou contra o Gil Vicente, pessoas que só fazem questão de ir ao estádio nos ditos "jogos grandes" e nas ocasiões como a de Domingo passado, a final da Taça de Portugal.
Infelizmente, o Vitória não é um clube que se farte se ganhar coisas, e o Benfica também não, mas claro que também festejo e também choro pelo Benfica, também me custam as derrotas e também me alegram as vitórias. Também me revoltam as injustiças e também me enervam os maus resultados.
Tenho dois amores, pronto. Um que não posso presencear e outro que posso, é isso.
O jogo da final da Taça não foi nada complicado para mim, sempre tive muito ciente de quem ia apoiar, nunca ponderei sequer a hipotese de não querer que o Vitória ganhasse o jogo, nunca.
Depois do jogo contra o Braga começou a festa. Começou o sonho outra vez.
Depois do Belenenses veio a corrida aos bilhetes, o ambiente de festa na praça do estádio, os papéis das excursões em todos os lados, as conversas de café que acabavam sempre no mesmo tema.
Comecei a contar os dias que faltavam, comecei a ficar optimista quanto ao resultado do jogo, depois da semana de horror por que passou o Benfica, o Vitória só tinha que se aproveitar disso.
A cidade de Guimarães estava aparentemente normal, mas no fundo, havia um ambiente de alegria, estava tudo nervoso e ancioso.
Vieram as frases de apoio, os videos de motivação, as imagens da festa da último ano que o Vitória este na final.
Chegou o Domingo: a família Vitoriana fez a festa, nunca deixou de acreditar, gritou, apoiou muiito, deu uma vez mais a oportunidade de mostrar a toda a gente o porquê de sermos únicos.
O Vitória fez aquilo que nunca deixei deacreditar: GANHOU.
Trouxemos a primeira taça.
Estas palavras não são as melhores nem as mais bonitas, mas a verdade que é impossivel traduzir aquilo que sinto e o que me vai verdadeiramente na alma.
Nós, a equipa e os adeptos de ocasião estão de Parabéns. Foi uma festa incrivel, foi um dos dias mais felizes da minha vida, foi um momento que nunca me vou esquecer. Foi a certeza de que pertencia ali, àquele sítio e àquela gente.
Foram dez anos à espera de uma festa assim, grande e à moda da minha cidade: maravilhosa.
Depois de acalmar os animos, de ter passado a eufuria, de pensar que isto de facto é mesmo verdade só me resta agradecer. Agradecer à grandiosa equipa que me pôs a chorar assim que demos a volta ao resultado, à equipa que me fez sonhar com a Taça, à família Vitoriana que fez uma festa fantástica dentro e fora das 4 linhas.
Vocês são únicos, SOMOS ÚNICOS.
OBRIGADA!
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